Neste divertido desafio, o compositor Sergio Sachi nos remete à saudosa dupla caipira paulista ALVARENGA & RANCHINHO. Talvez desconhecida das novas gerações, essa divertida dupla embalava e divertia multidões no início da década de 1.960, com suas músicas satíricas e extremamente engraçadas. Esta faixa integra o Álbum “O RETORNO DOS NÁUFRAGOS”, do Grupo “Bolinho de Carne com Berinjhela” (atual “Espirituoso”). Abaixo, a letra deste desafio na íntegra:
“O DESAFIO DE TÉRCIO & LUPÉRCIO”
(Música de SERGIO SACHI)
CLIQUE AQUÍ E ASSISTA AO CLIP NO YOUTUBE
Olá meu povo amado,
alegra-nos aquí estar
A todos muito obrigado
por ouvir nosso cantar
Mas não somos apressados,
e antes de começar,
como somos educados,
precisamos nos mostrar
Nós somos dois sujeitos
de comportamento exemplar
cultivamos o respeito
e o elogio no linguajar
Condenamos o despeito,
e a modéstia é nosso par
Não temos nenhum defeito,
e vamnos nos apresentar
TÉRCIO – Meu nome de batismo é Tércio,
Gosto muito de cantar
Eu canto em prosa e verso,
canto mesmo apesar
de o meu parceiro Lupércio
grunhir e desafinar
Ficasse lá no seu comércio
e o mundo ia se aliviar!
LUPÉRCIO – Ele qué o desafio
mas grande é nossa amizade
e eu num vô dá nem um pio,
só vô dizê a verdade:
tú num passa dum vadio
metido a sumidade
Teu pai, tua mãe, teus tio
têm a mesma dificurdade!
Já que tú me desafiô,
eu vô sê bem delicado,
não vô dizê qui teu vô
era um véio bem safado,
fedia que era um horror,
tinha um chulé desgraçado
Foi dele que tú herdô
o chêro de porco cevado
Tem um porco no meu quintar,
o nome dele é Zulú
É um bicho bem normar
se contenta com angú
e nem pensa que é o tar,
portanto num é como tú
que fede e chêra mar,
e é feio feito urubú!
De feiúra, tú entende,
basta si oiá no espêio –
a cabeça num aceita o pente
quar côco rachado ao meio
Tú é mêrmo diferente –
misto de burro e coelho,
Deus só lhe deixô os dente,
pra tú num ficá mais feio!
Sô feio mais tenho ciência:
evoluir é um processo lento
mais teu caso é uma indecência,
e por você eu lamento
Que Deus tenha paciência,
lhe dê luz ao pensamento
Tú carece de inteligência
e é burro feito u m jumento!
O jumento é, do mundo,
o bicho mais prestimoso
trabaia muito e vai fundo
no seu esforço honroso
Num é como o meu amigo
rotundo e tão presunçoso
qui é um baita vagabundo,
vadio e preguiçoso!
O descanso é muito bom
si é fruto duma jornada
Nele, apuro o dom
de cantá muitas toadas
Tú não reconhece o som
sequer de viola quebrada
só canta fora do tom
e tem voz bem esganiçada!
Adeus minha gente amiga
Mostramos: somos do Bem
Nóis num gostamo de briga,
e as virtude são mais de cem
Duas delas são bem antiga
no nosso coração zen:
a mintira é nossa inimiga
e nóis num fala már de ninguém!