ELIS REGINA
Cantora
“A Maior Intérprete da MPB”
Como é de praxe, os furacões, ciclones e tornados são batizados por nomes femininos: Catherine, Sophie, Ângel, Thereza… No Brasil, este fenômeno meteorológico é raro, senão inexistente. MAS… nós tivemos sem dúvida entre nós, no período aproximado de 1.960 a 1.982, a presença de um indomável “furacão”. Seu nome: ELIS REGINA.
Essa inigualável intérprete da MPB, tal qual um verdadeiro furacão, catalizou uma enorme energia artística e musical em torno de sí. E, como um verdadeiro furacão, revolveu a superfície cultural brasileira, arremessou para longe a mediocridade ao colocar-se como referência em excelência para a Música Brasileira. Com seu incansável trabalho, suas inesquecíveis interpretações e sua incontrolável personalidade, estabeleceu para todos no Brasil (e também no Exterior) novos paradigmas de qualidade musical. Esta foi Elis.
Comparada a cantoras do quilate de Ella Fitzgerald e Billie Holliday, Elis marcou sua inconfundível presença no panorama musical brasileiro mostrando, em detalhes, “como é que se faz” Mas, se tivemos entre nós outras cantoras e intérpretes fantásticas, por que Elis se destaca tanto? Pois desde Carmen Miranda, passando por Ângela Maria, Isaurinha Garcia, Vilma Bentivegna, Maria Bethânea, Gal Costa, e tantas outras de grande talento, por quê Elis se destaca? Por várias razões, mas por uma em especial: estava “no lugar certo na hora certa”. E atendeu ao chamado com incomparável comprometimento.
Vamos explicar melhor.
Elis iniciou sua carreira de forma bastante precoce, aos 11 anos. Nascida em 17 de Março de 1.945, já em 1.956 se apresentava nos programas infantís de calouros na Rádio Gaúcha, em Porto Alegre – sua cidade natal. Logo após, aos 14 anos, foi contratada pela Rádio Farroupilha para participar semanalmente do Programa “Clube do Gurí”. E há quem diga que, em uma das suas apresentações, protagonizou um momento mágico inesquecível para quem o presenciou, ao interpretar “Chão de Estrêlas”, de Silvio Caldas.
Em 1.961, contratada pela Gravadora Continental, gravou o seu primeiro LP – “Brotolândia”. Este, e os 3 subsequentes, passaram meio desapercebidos, mas Elis ainda não havia achado a sua “veia”. Contratada pela TV Rio, instalou-se no Rio de Janeiro, passando a ter participações em programas de auditório. E foi aí que tudo começou.
Buscou espaço no famoso Beco das Garrafas, QG da Bossa Nova e dos grandes compositores e músicos da época. E foi ali que conheceu Luis Carlos Miéle e Ronaldo
Bôscoli, Estes atuavam como Produtores, e abriram as portas do Show Business para Elis.
Elis despontou para o grande público com sua participação no I Festival da MPB produzido pela TV Excelsior, em São Paulo. Sua interpretação visceral de “Arrastão” de autoria de Edu Lobo e Vinícius de Morais provocou fortíssimo impacto no público, na crítica e… nos jurados. A par da inquestionável qualidade da canção, a interpretação chocante de Elis levou a música para o topo, sendo considerada a grande vencedora. Daí, foi contratada pela TV Record, que organizaria os grandes Festivais nos anos seguintes, lançando as bases para o que seria a MPB nos anos 70.
Respondíamos por quê Elis tornou-se o fenômeno conhecido por todos, citando estar ela “no lugar certo na hora certa”. Então, explicando melhor: nos anos de 1.965 a 1.967, Elis estrelou, juntamente com Jair Rodrigues, o Programa “O Fino da Bossa” (TV Record/Produção de Valter Silva). Pois é. Ocorre que por este Programa, semanal, passaram TODOS os grandes compositores e músicos que construiriam nos anos seguintes a MPB como é conhecida hoje, nacional e internacionalmente. Não iremos citar nomes, pois a lista é infindável, mas, semana após semana, o público se deleitava com a qualidade e o talento desses artistas, que contribuíram decisivamente para tornar a MPB conhecida mundialmente (e admirada, diga-se de passagem!). Acrescente-se a isso que Elis, juntamente com Jair Rodrigues, formava uma dupla “elétrica” – os LPs lançados pela dupla vendiam cópias já na casa dos milhões. Era um sucesso estrondoso.
Mas, talvez, o maior motivo para que Elis se tornasse essa marca tão presente na MPB, tenha sido o fato de, além é claro das suas interpretações memoráveis, ter alavancado as carreiras de inúmeros compositores. Seu faro acuradíssimo sabia reconhecer um talento, e sabia, melhor ainda, nutri-lo e mimá-lo. Assim, é de Elis o mérito de haver alavancado e/ou revelado as carreiras de grandes talentos, tais como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Chico Buarque, João Bosco, Belchior, Tunay, Paulo César Pinheiro, Baden Powell, Fátima Guedes… A lista é interminável. E isso, com um componente muito especial: era capaz de descobrir nuances nas canções que gravava que os próprios compositores desconheciam. A esse respeito, disse certa vez João Bosco: “Elis era incrível. Quando dávamos a ela uma canção que seria agraciada pela sua interpretação, ficávamos na maior expectativa quanto ao que viria, pois ela as interpretava de um jeito e as enriquecia de tal forma, que nós próprios nos espantávamos…” Embora nunca houvesse criado uma canção, Elis era, por esse motivo, considerada pelos próprios compositores como “co-autora informal”.
Então, por isso tudo, Elis tornou-se uma “assinatura”. Ao incluir um compositor e sua obra ao seu repertório, avalizava para o público o trabalho deste, tornando-o conhecido e, também,
admirado. Essa era Elis Regina.
VIDA FAMILIAR
Elis Regina foi casada por 2 vezes. Em 1967 casou-se, aos 22 anos, com Ronaldo Bôscoli, com quem teve um filho – João Marcelo, nascido em 1.970. Desfeita a união, casou-se novamente em 1.972 com o músico e arranjador César Camargo Mariano, com quem teve 2 filhos – Pedro Mariano (1.975) e Maria Rita (1.977). Seus três filhos seguiram também profissionalmente carreira na área artística. João Marcelo, como Produtor Musical, e Pedro Mariano e Maria Rita como cantores (de grande valor, diga-se de passagem.
Mas foi ao lado de César Camargo Mariano que Elis consolidou sua maturidade artística. São do período em que trabalharam juntos as interpretações mais inesquecíveis de Elis. O período começa com a gravação do LP “Elis e Tom”, de 1.973), e consolidou-se com inúmeros outros discos de irretocável qualidade, musical e artística. É dessa fase também o show “Falso Brilhante”, que transformou-se num divisor de águas no Show Business brasileiro. Quem o assistiu jamais esquece. Com uma Banda afinadíssima e competente, e com performances de palco inesperadas, aliada a uma cenografia irretocável, Elis mostrou “como é que se faz” mais uma vez. O Show quebrou mais um paradigma no cenário musical nacional: permaneceu em cartaz por 14 meses (entre 1.976 e 1.978), batendo recordes sucessivos de bilheteria. Tornou-se mesmo objeto turístico na cidade de São Paulo, onde permaneceu em cartaz no Teatro Paramount – organizavam-se verdadeiras caravanas culturais, com ônibus de excursão invadindo São Paulo (vindos de outras cidades e capitais, e mesmo do Exterior – Arggentina, Paraguai), só para ver o show.
POLÍTICA
Embora o Brasil estivesse, ao longo da vida artística de Elis, sob as botinas da ferrenha ditadura militar, Elis nunca foi uma “militante de carteirinha”. Mas nunca dobrou-se aos ditames dos generais. Em certa ocasião, declarou numa entrevista que “o Brasil é hoje governado por gorilas, com o perdão que peço aos gorilas por chamá-los assim”. Por essa razão, foi obrigada a cantar o Hino Nacional em um evento do Exército Brasileiro, no ano de 1.970. Injustamente, foi crucificada pela turma das “patrulhas ideológicas”, com especial destaque para “O Pasquim”. Nele, semanalmente e por um certo período, o cartunista Henfil publicava charges colocando Elis cantando o Hino Nacional, sempre diante das tropas de soldados. Para compensar, é de Elis a interpretação daquela canção que foi adotada como o “hino da anistia”, de autoria de João Bosco e Aldir Blanc. A canção gravada em 1.979, quando a ditadura militar já apresentava rachaduras e viu-se obrigada a estabelecer o processo de abertura política. Estamos falando da canção “O Bêbado e a Equilibrista”, uma verdadeira obra prima de criação e interpretação.
ESTRANHA E INESPERADA MORTE
Quem viveu a época é capaz, sem exceção, de citar onde estava e o que fazia ao ouvir a chocante notícia: “comunicamos, profundamente pesarosos, a morte da cantora Elis Regina”. Não. Ninguém poderia esperar algo assim, Elis tornara-se um patrimônio nacional, querida, amada e admirada por todos. Porém, talvez por suas instabilidades emocionais, sua vida pessoal conturbada, Elis recorreu a uma mistura explosiva e perigosa – álcool e cocaína. Foi o que revelou a autópsia realizada no Instituto Médico Legal em São Paulo. Seu corpo ficou exposto à visitação pública na Câmara Municipal de São Paulo, alguns dias após sua morte, ocorrida em 19/Janeiro/1.982.
SAUDADES DE ELIS… SAUDADES DO BRASIL.
DADOS BIOGRÁFICOS COMPLETOS AQUI NO WIKIPÉDIA (Incluindo Discografia)
PARA VER E OUVIR:
“O BÊBADO E A EQUILIBRISTA” (João Bosco/Aldir Blanc)
“ÁGUAS DE MARÇO” – Elis e Tom (de Tom Jobim)
“ÚLTIMA ENTREVISTA” (cm Zuza Homem de Mello e Maurício Kubrusli)
“ATRÁS DA PORTA” (Chico Buarque de Holanda)
“TRAVESSIA” (Milton Nascimento)
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